Dia Mundial das Artes foi celebrado no Solar das Bouças, em Amares, com uma conversa com o artista Mário Rocha. Solar das Bouças tem uma galeria de arte permanente e prepara actividades.
“A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível.” Leonardo da Vinci
No Dia Mundial das Artes, o Solar das Bouças – Art & Wine, em Amares, promoveu uma conversa com o artista Mário Rocha, cujas peças integram a galeria de arte permanente daquele espaço. Tendo a arte como um elemento identificador do solar, o administrador tem já programado inúmeras actividades. Com um conceito “diferente e muito interessante”, António Ressurreição avançou que serão “convidar países ou regiões de países a trazerem os artistas, a música, a gastronomia e as actividades típicas para estar três a quatro semanas no solar”.
A actividade do solar era conhecida pelos vinhos, o ano passado foi introduzido o factor arte. “Tudo isto nasceu com algo que temos aqui que é único: a capela com o legado do mestre João Cutileiro, que conta com uma peça única e fantástica que nos inspirou para, a partir daí, trabalhar o elemento arte como algo identificador do solar”, justificou António Ressurreição.
Numa parceria com a ‘Arte na Leira’, de Mário Rocha, preparou-se, já o ano passado, a exposição ‘Da Leira para a Bouça’ em plena época de vindimas, para reforçar a relação entre a arte, o homem e a terra.
Mas para além desta iniciativa anual, o Solar das Bouças já tem uma galeria de arte permanente.
“Temos artistas convidados e temos o espólio e o acervo do solar”, contou o administrador do solar, adiantando que logo que seja possível vão avançar uma série de actividades que estão já programadas.
Das actividades já programadas, António Ressurreição destacou uma delas que apresenta “um conceito diferente e muito interessante”. “Vamos trazer países para o solar, convidamos um país ou uma região de um país a trazer aqui os seus artistas, a sua gastronomia, a sua música e as suas actividades e durante três ou quatro semanas teremos aqui essa representatividade”, anunciou o administrador, garantindo que já tem o programa alinhavado com três países. “Podendo, devemos também levar a arte às pessoas. É mais difícil ir ver uma exposição a Lisboa do que aqui, temos o elemento de proximidade para as pessoas virem cá”, apelou António Ressurreição, lamentando que as pessoas ainda tenham “receio de entrar” num espaço ligado à arte. “A escola é a chave de praticamente tudo, é a partir da escola que o futuro se desenha”, defendeu o administrador, admitindo que é necessária esta mudança de mentalidade.
Questionado sobre a candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura, António Ressurreição foi peremptório: “nós faremos parte, quer queiram quer não, do destino cultural de Braga 2021 e Braga 2027. Sentimo-nos de Braga e se não nos incluírem, nós auto-incluímo-nos”.
Para o administrador, “Braga só perde ao cingir-se ao centro histórico. Braga tem que se afirmar como líder de uma região e um centro de atracção de uma região”. Os vales do Cávado e do Homem, ainda nas palavras de António Ressurreição, “fazem parte naturalmente de Braga, um território que é partilhado e há uma identificação natural”.
Mário Rocha lamenta a falta de educação para a arte em Portugal
O Solar das Bouças – Art & Wine, em Amares, celebrou o Dia Mundial das Artes com um encontro com o pintor e artista plástico Mário Rocha. Durante a conversa, Mário Rocha confidenciou que “num país em que a cultura fica sempre para trás, falta educação para a arte”, lamentando que as pessoas “não tenham sensibilidade para apreciar o trabalho dos artistas”. A solução está, na opinião do convidado, na escola e no começar desde pequenos a ter sensibilidade para a arte visual.
O mentor do ‘Arte na Leira’, que organiza o evento artístico desde 1999 na Serra d’Arga, em Caminha, falou ainda da “muita inveja e confusão” que existe entre artistas, admitindo que “faz falta um sindicato”.